Oluwatosin Tolulope Ajidahun comenta que, no universo das doenças ginecológicas que afetam a fertilidade, um termo chama atenção por seu nome peculiar e impacto significativo: o cisto de chocolate. Essa condição está diretamente relacionada à endometriose e pode comprometer a função ovariana, a reserva folicular e o sucesso dos tratamentos de reprodução assistida. Embora seja comum, ainda é frequentemente subdiagnosticada ou mal compreendida por pacientes.
O cisto de chocolate, ou endometrioma, é uma formação cística no ovário decorrente do acúmulo de tecido endometrial fora do útero, típico da endometriose. O conteúdo marrom-escuro, semelhante ao chocolate derretido, resulta da degradação do sangue acumulado. Esses cistos podem crescer e afetar um ou ambos os ovários, comprometendo diretamente a fertilidade feminina.
Cisto de chocolate e ovulação: qual a relação?
A presença de endometriomas no ovário afeta não apenas a anatomia, mas também o funcionamento desse órgão. O tecido endometrial ectópico provoca inflamação crônica e liberação de substâncias oxidantes que prejudicam a qualidade dos óvulos. Além disso, o crescimento do cisto pode levar à compressão de folículos saudáveis, reduzindo a reserva ovariana disponível para a ovulação.
Segundo Oluwatosin Tolulope Ajidahun, mulheres com cistos de chocolate têm maior risco de apresentar falhas na maturação folicular, baixa resposta a medicamentos indutores da ovulação e resultados insatisfatórios em ciclos de fertilização in vitro (FIV). Esses efeitos tornam o diagnóstico precoce e o acompanhamento rigoroso ainda mais relevantes para quem deseja engravidar.
Outro ponto de atenção é a possibilidade de o cisto romper ou torcer o ovário, o que pode causar dor intensa e necessidade de intervenção cirúrgica urgente. Essas complicações, embora menos frequentes, representam riscos adicionais à saúde reprodutiva e à integridade do órgão afetado.
Como o cisto de chocolate é diagnosticado e tratado?
O diagnóstico é feito por meio de exames de imagem, como ultrassonografia transvaginal com doppler e ressonância magnética da pelve. Esses métodos permitem visualizar a presença, o tamanho e as características do cisto. Em alguns casos, é necessário realizar exames laboratoriais para avaliar marcadores inflamatórios e hormônios reprodutivos.
Tosyn Lopes analisa que, embora o tratamento cirúrgico seja uma das opções, ele deve ser avaliado com cautela. A remoção do cisto por videolaparoscopia pode, em alguns casos, reduzir ainda mais a reserva ovariana se não for feita por um cirurgião experiente. Por isso, é fundamental pesar os benefícios da retirada do cisto com os riscos de comprometer a fertilidade futura.

Em pacientes que estão tentando engravidar, o manejo clínico com medicamentos hormonais pode ser indicado para controlar o crescimento dos cistos e reduzir a dor, adiando a necessidade de cirurgia até o momento mais adequado. Já nos casos em que a cirurgia é inevitável, recomenda-se considerar a criopreservação de óvulos antes do procedimento, como medida preventiva.
Cisto de chocolate e reprodução assistida: quando buscar ajuda?
Mulheres com diagnóstico confirmado de endometrioma devem ser avaliadas precocemente por um especialista em reprodução humana. A individualização do tratamento, levando em conta a idade da paciente, a reserva ovariana e os sintomas associados, é essencial para definir a melhor estratégia. A fertilização in vitro pode ser uma alternativa viável, principalmente quando há outros fatores associados à infertilidade.
De acordo com Tosyn Lopes, a presença de cisto de chocolate não significa que a gravidez natural seja impossível, mas em muitos casos ela é mais difícil. O acompanhamento médico frequente, o controle da progressão da endometriose e a avaliação contínua da função ovariana são indispensáveis para proteger a fertilidade.
É importante também oferecer apoio psicológico às pacientes, pois o diagnóstico da endometriose, e do cisto de chocolate, em particular, costuma vir acompanhado de incertezas e receios. O suporte multiprofissional ajuda a reduzir o impacto emocional e fortalece a mulher em sua jornada reprodutiva.
Visibilidade, informação e escolhas conscientes
Dar visibilidade ao cisto de chocolate é fundamental para combater a desinformação e o atraso no diagnóstico. Muitas mulheres convivem com dor pélvica intensa e ciclos irregulares sem saber que esses sinais podem indicar uma condição que compromete sua fertilidade.
Oluwatosin Tolulope Ajidahun ressalta que, com diagnóstico precoce, orientação médica adequada e tratamento personalizado, é possível preservar a fertilidade e aumentar as chances de sucesso reprodutivo. A informação empodera, e, no caso da endometriose, ela também protege.
Autor: Alexey Orlov
As imagens divulgadas neste post foram fornecidas por Oluwatosin Tolulope Ajidahun, sendo este responsável legal pela autorização de uso da imagem de todas as pessoas nelas retratadas.